sexta-feira, 16 de março de 2018

Última lembrança

Ela aparentava ser a fragilidade em pessoa. Emendou a retirada da vesícula e uma tuberculose. Estava em fase final de recuperação e seu rosto e seu corpo pareciam mais frágeis que nunca.
A voz recitava o cansaço evidenciado pelas olheiras após uma longa viagem de 8 horas. Pensou que encontraria abrigo. Encontrou uma casa castigada pela tempestade que ainda ventava no quintal.
O seu corpo gelado esperava encontrar o calor do abraço que sempre a aquecera. Encontrou no abraço que tanto esperava, o desprezo e um coração mais gelado que seus pés.
Mesmo com a tempestade que ventava no quintal, mesmo com a chuva que caía na casa bagunçada e sem telhado e mesmo com a nevasca que encontrou no lugar do coração quente, seu coração ainda esperava encontrar algo. Algo que valesse a pena as apostas que fizera consigo mesma.
Encontrou um par de olhos verdes sem brilho algum. Sem uma mísera faísca. Sem um pingo de emoção. E que bradavam em silêncio: você perdeu a aposta.