sábado, 16 de setembro de 2017

Sobre minhas memórias, descobri o ser incrível que sou. Constantemente me pegava pensando sobre como eu queria apagar algumas memórias, como eu queria poder não lembrar tanto de certas memórias, como eu queria que certas memórias nunca tivessem sido feitas.

Às vezes a gente se esquece de lembrar. Só se esquece. Não apagou memória nenhuma, não quis deixar de lado, não quis que nunca existisse. Só esquece mesmo de lembrar. Mas para todo esquecimento, há um quase inexistente gatilho que te faz lembrar. E aí fodeu.

Nessas memórias em específico, existem muitos gatilhos. Eles são dezenas de músicas, dezenas de filmes, alguns aromas, alguns toques, algumas saudades, quase qualquer coisa pode me fazer lembrar dessas memórias.
Foi uma música em específico. Eu me lembrei. E então me dei conta de algo extremamente importante e que eu nunca havia notado até esse dia: nós podemos controlar como essas memórias vão nos afetar. 

As memórias invadem, elas inundam nossa cabeça com uma força sobrenatural. Você não pode escapar, elas estão lá e quando são lembradas, preenchem todo o cérebro, cada cantinho empoeirado, cada espaço vazio que você achava que tinha ocupado.

Eu me permiti lembrar. Eu me permiti sentir, mas eu não me permiti sofrer. Disse às minhas memórias que eu as amo, que amo como eu as construí, que amo quem as construiu comigo, que não ousaria mais sequer pensar em me desfazer das minhas memórias.

Sabe, existirão dias que você não vai querer suas memórias, que vai querer que elas sumam. Elas não vão sumir e você irá sofrer. Os dias passarão e você terá pensamentos mórbidos, desejará que esteja envolvido em um acidente e que tenha amnésia. Desejará que esqueça até o seu nome. Mas as memórias, elas continuam lá.

Eu fiz as pazes com as minhas memórias. Eu entendi o real significado delas estarem aqui, entendi o quanto são valiosas. Percebi que com o tempo, a imagem das memórias vai sumindo, vai ficando só um sentimento, uma coisa no seu corpo como um calafrio ou o estômago remexendo. Depois você descobre que elas estão lá, mas você não lembra. Só sabe que elas estão lá. Chame isso de saudade, ou do que quiser. Eu não sei do que chamar.

Elas estão aqui ainda e eu tenho o prazer de lembrar delas sempre que posso, sempre que quero, sempre que consigo. Quanto às suas memórias: não as perca!