segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Dias Cinzentos

Desisti de beber
Desisti de fumar
Já cogitei desistir de viver
Tanto faz, eu já me matei aos poucos desde que você se foi.

Passaram-se anos desde que
Minha alma putrida ficou sozinha sem a luz do teu sorriso
Como estão meu fígado, rins, coração e cérebro?
Já sou uma carcaça que apenas existe,
A alma lá fora sente o peso do existencialismo e chora as flores com o teu perfume.

A brisa vaga do vento frio que chora
Com o cinzento céu acima da minha cabeça, caminho.
O tato frágil da veia do pescoço que pulsa com os passos sem vida,
Eu vivo.

Eu vivo na desesperança de se viver
Na incógnita de ser de novo
De ser um corpo com alma, amor, luz e calor.
Vivo na loucura do tempo que desestabiliza cada respirar de cada ser vivo ao meu redor
E que se estabiliza quando o mesmo tempo traz de novo a paz da resposta.

Vivo no doce querer de quem não me quer,
Na ternura do abraço de quem me quer bem, mas não sabe dos poréns,
Na quentura dos beijos que eu não dei.

Vivo melhor sob o dia nublado
O cinza contrasta com o verde dos meus olhos,
Posso finalmente olhar dentro de mim e então,
Entender as respostas que o tempo me deu e eu escondi.